Cineclubes


HISTÓRICO DAS PUBLICAÇÕES CINECLUBISTAS


É bem provável que a primeira e talvez a mais citada publicação cineclubista, ainda seja a Revista “O Fan”, órgão oficial do primeiro cineclube legalmente constituído, o “Chaplin Club”, fundado em 13 de junho de 1928. Registra-se de passagem que seus mentores ficaram mais conhecidos pelos seus dotes literários do que cinematográficos; Octávio de Farias e Plínio Sussekind que o digam.

Em meados da década de sessenta, os cineclubes até então, grafado, na maioria das vezes separada (Cine Clube), herança herdada dos Clubs de Cinema, com origem na França, ainda, é comum encontrar a palavra Cine Club, escrita assim, com o b mudo. Mas é justamente nesta fase em que surgem grandes críticos cinematográficos com origem nos cineclubes. São famosas as atividades desenvolvidas por seus titulares como Paulo Emílio Salles Gomes do “Club de Cinema de São Paulo”; Alex Viany do “Club de Cinema da Faculdade de Filosofia do Rio de Janeiro”; Walter da Silveira do “Club de Cinema da Bahia”; Paulo Fontoura Gastaldi do “Club de Cinema de Porto Alegre”, entre tantos outros.

Ainda sob a direção de Paulo Emílio Salles Gomes, a Cinemateca Brasileira, edita entre outras, uma publicação chamada de “Cadernos da Cinemateca”, o de número 3, de autoria de Rudá de Andrade, traz uma Cronologia Cineclubista, dando conta dos cineclubes que foram fundados dos primórdios até o final dos anos de 1960.

Na década de 1960, Marcos Farias cria na Federação de Cineclubes do Rio de Janeiro o Boletim informativo chamado CINECLUBE. Este nome seria adotado mais tarde pelo CNC, para o seu boletim informativo também denominado "Cineclube”. Na década de 1970 a mesma Federação de Cineclubes do Rio de Janeiro, cria o jornal em formato de tablóide “Ganga Bruta”, declarada e merecida homenagem a Humberto Mauro, tendo como editora Ana Pessoa e Fernando Molica, como jornalista responsável. Uma publicação arrojada e que dinamizava o debate no Movimento Cineclubista.

No final dos anos de 1970 o “Club de Cinema de Porto Alegre”, publica a Revista Moviola, de cunho profissional, sobreviveu até final da década de 1990, mas que continua sendo publicada, agora virtualmente. Moviola é uma revista bonita, com uma editoração arrojada para os padrões da época.

No início dos anos de 1980, o Cineclube de Maringá/PR publica o seu “Boletim Informativo”, em formato de Revista (tamanho A3), com edição limitada ao estado do Paraná.

Nos anos de 1985/6, gestão Movimento/Ação, o CNC lança o jornal “Imagemovimento”, também em formato de tablóide, tendo como editor Diogo Gomes dos Santos e Jairo Ferreira como jornalista responsável.

Além do CNC, nessa mesma ocasião o Cineclube Bixiga em São Paulo, tinha o seu boletim trazia a programação com informações básicas dos filmes e uma vez ou outra publicava uma crítica. Houve uma tentativa de criar uma revista, no formato A5 (meio ofício), denominada “Cinequanon” e foram publicados três números.

O então “Cineclube Estação Botafogo”, no Rio de Janeiro, profissionaliza sua divulgação, criando a revista “Tabu” que depois passaria a se chamar “Cinema”. Esta com certeza foi à publicação que teve maior duração, embora seja discutível seu caráter estritamente cineclubista. Quanto às demais tiveram vida curta, não passando de três ou quatro edições².

CINECLUBEBRASIL foi lançada em novembro de 2003, por ocasião da 23a. Jornada Nacional de Cineclubes, encontro de Rearticulação do Movimento Cineclubista Brasileiro, ocorrido conjuntamente com a programação do XXVIº Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, com ótima receptividade por parte dos profissionais do cinema e dos cineclubes. Ela surge da necessidade do cineclubismo brasileiro, de sistematizar uma publicação que seja capaz de participar da vida cultural do país, contribuindo com a reflexão a formação crítica do público e do próprio cineclubista.

Evidente que estas parcas anotações querem contribuir e deixa aberta a necessidade de contribuições que possam, no decorrer do tempo, sofrer as modificações importantes que com certeza, virão. Ela tem a pretensão de contemplar as publicações impressas, restritas ao campo das publicações informativas e de reflexão renováveis periodicamente.

No link Memória, publicaremos também em caráter informativo, uma primeira versão da Historiografia do Movimento Cineclubista Brasileiro e em separado, mas no mesmo link, publicaremos também uma Filmografia Cineclubista.







Memória Cineclubista I



19ª Jornada Nacional de Cineclubes de Ouro Preto, 1985, uma das mais concorridas. Pela primeira*, vez vários jornalistas e críticos de cinema estiveram presentes: Luiz Nazário/Estadão; Fernando Molica/Jornal do Brasil; Maria do Rosário; Correio Braziliense; Heitor Capuzzo/Diário do Grande ABC, entre outros, como convidados da Jornada. Foi também uma das primeiras vezes que fomos notícia nacional*. * - Depois da reorganização do Movimento Cineclubista Brasileiro, em 1974.


Já como presidente do Conselho Nacional de Cineclubes, viajando pelo Brasil, fui a Fortaleza, falar com uma liderança das mais importantes do Cineclubismo Brasileiro, Eusélio de Oliveira, do Club de Cinema de Fortaleza. Como ele, outras lideranças haviam sido "diexadas no esquecimento", pelos antigos dirigentes do Movimento. Propus que fosse homenageado em Brasília, depois de muita conversa, sem resultado. Mostrei algumas fotos das últimas Jornadas e entre elas tinha uma fotos da Jornada de Piracicaba, que mostrava uma equipe de filmagem (16mm - Joge Achoa, Gilmar Candeias e o Diomédio Moraes, hoje Piskator), esta foto convenceu o Eusélio ir a Brasília. "Ficou feliz em saber que a produção voltou a ser acolhida no movimento".

O Grupo Cineclubista, Tietê Tietê formado por: Neuza Araújo, Vera Lúcia La Pastina, Edneia Ferri, Diogo Gomes dos Santos, Eduardo Paes Aguiar, Marcos Azevedo Souza, João Grandão, tinha atividade, no Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo e na Biblioteca Infantil do Tatuapé, Cristhian Andersen. Enquanto cineclube, tivemos o maior números de cópias de filmes em 16mm, em distribuição pela Dinafilmes - Distribuidora Nacional de Filmes para Cineclubes. Com o dinheiro arrecadado nas sessões do cineclube - cobrávamos "Taxa de Manutenção", compramos vários filmes em 16mm. Estes filmes eram exibidos nas duas salas em que o grupo atuava e também alugávamos os filmes para outros cineclubes. Logo propusemos colocar os filmes em distribuição pela Dinafilme. Uma forma que encontramos para fortalecer a distribuidora do movimento. Em seguida, compramos em conjunto com o Cineclube 25 de Abril, um lote de filmes da antiga TV Tupi e colocamos na Dinafilme para distribuição.

Jornada de Ouro Preto, os cineclubes invadem as ruas da cidade, fazem uma passeata em defesa do Cine Vila Rica, impedindo seu fechamento. Fomos notícia nacional, na TV Globo e nos jornais presentes a Jornada. Esta ilustração foi a contra-capa de uma publicação que acompanhou os "Anais da Jornada", uma publicação do Conselho Nacional de Cineclubes - CNC - com os resultados daquela Jornada. Pela primeira vez publicamos os bastidores da jornada, principalmente os "Troféus", um documento carregado de simbologias, um dos mais significativos para quem quer entender o Movimento Cineclubista Brasileiro. Cópia no acervo particular do Diogo e na Cinemateca Brasileira.

Esta é a foto da REARTICULAÇÃO do Movimento Cineclubista Brasileiro em 2003. Reunião na sala do Ministro da Cultura (Gilberto Gil). Aqui prevaleu a tese da Rearticulação em detrimento da re-organização, prevaleceu também a ideia da XXIV Jornada e não Encontro de Cineclubistas.

Na fota da direita para esquerda: 1) funcionário do Ministério que fez a Ata; 2) Vladimir Dina do Centro de Estudos e Pesquisa Cineclubista de Brasília - CECIBRA; 3) Márcio do Cecibra; 4) Fernando José da Silva;Caxassa do Cineclube Caium de Ribeirão Preto; 6) Antenor Gentil Jr. do Cecibra; 7) Luiz Orlando da Silva do Clube de Cinema da Bahia; 8) Leopoldo Nunes, Chefe de Gabinente da Sec. Audiovisual - SAVI; 9) Lyonel Luccini do Cecibra; 10) Hermano Figueiredo do Cc Imaginário de Maceió; 11) Berê Bahia, pesquisadora do Cinema Brasileiro; 12) Uma funcionária da SAVI acompanhada do seu filho.

Nesta foto faltam duas pessoas: Orlando Bonfim Neto, da ABD de Vitória/ES e o autor da foto: Diogo Gomes dos Santos do Centro Cineclubista de São Paulo.


Memória Cineclubista II



Ozualdo Candeias, no escritório da Dinafilme, em um "ensaio" fotográfico para a Capa do Jornal "Imagemmovimento nº 3", segundo semestre de 1985. Sobre sua cabeça, cartaz do filme Águia na Cabeça, de Paulo Thiago. Clicado pelas lentes do fotógrafo Franco Lino. Para a capa do jornal foi escolhida outra foto em primeiríssimo plano do Ozualdo R. Candeias, entrevistado. a foto em destaque, ilustra parte da entrevista.



                       Antônio Leão da Silva Neto, pesquisador do Cinema Brasileiro, autor de vários livros sobre o cinema nacional, preparando uma sessão em 16mm no Cineclube Baixa Augusta/SP, 2009.
 


Após a sessão em 16mm, ainda ficaram para a foto: Da esquerda para direita: Vânia, um amigo do Rennir que está em seguida, Antônio Leão, Felipe e Ronaldo. O clik é meu


Da direita pra esquerda: Ozualdo Candeias; Liduarte Noronha, ambos homenageados da XIX Jornada Nacional de Cineclubes, realizada em Ouro Preto em julho/1985 e Cacá Diegues, convidado especial, para debater o filme "Kilombo". Na mesa de debate, quatro convidados e um coordenador, o Fernando.
Nunca, em Jornadas Nacionais (pelos menos que eu tenha participado ou ouvido falar), uma platéia teria sido tão agressiva quanto aquela. Com exceção de Cacá, todos os componentes da mesa se retiraram e Cacá repetia algo mais ou menos assim: "estamos retomando o nosso processo democrático, precisamos nos acostumar com a discussão democrática, vamos discutir". A platéia o chama de pequeno burguês... de vendido para o cinema americano... acusava de querer "Tiradentenizar Zumbi..." e assim seguia o debate. Em outros momentos ele, Cacá, repicava: "eu também já fui cineclubista! vamos discutir..."

Tá tudo gravado em vídeo. Da equipe do vídeo participou João Subires mais o pessoal de Osasco, do Cineclube do Sindicato dos Bancários e o Ozualdo R. Candeias.