sábado, 7 de novembro de 2015

CONTRIBUIÇÃO A DISCUSSÃO DO TEMA MEMÓRIA

Quando trabalhei na Fundação Cultural Cassiano Ricardo de São José dos Campos, criamos criamos um programa chamado "Curta-Circuito", de exibição de filmes em 16 mm nas Casas de Cultura da cidade - na época tinha 8 ou 10 -. Apesar de não chamar a atividade de cineclube, a atitude era cineclubista! 

Com o intuito de colaborar com a questão da memória, segue algumas sugestões que ao longo do processo de Rearticulação do Movimento Cineclubista Brasileiro, ocorrido a partir de 2003 e de lá para cá tem merecido especial atenção de minha parte.


Caro Pedro Kiua - Diretoria de Memória do CNC,
Companheiros Cineclubistas,

Atendendo a um pedido do presidente do CNC e com o intuito de colaborar com sua Diretoria, segue algumas sugestões que ao longo do processo de Rearticulação do Movimento Cineclubista Brasileiro, ocorrido a partir de 2003 e de lá para cá tem merecido especial atenção de minha parte.


Acho que o Cinema Brasileiro tem dispensado pouca importância à atividade dos cineclubes, isso por não merecer, também, atenção por parte do Estado. Por outro lado, vários companheiros cineclubistas vêm contribuindo arduamente com esta questão. É fato louvável a iniciativa dos cineclubes capixabas e pernambucanos neste sentido.


Tenho repetido várias vezes, que as vésperas de comemorar seu primeiro centenário, ainda somos um movimento de memória oral. Defendo que o Cineclube Paredão, criado no Rio de Janeiro em 1917, é nossa primeira experiência cineclubista digna de merecer tal registro, sem com isso desmerecer o Chaplin Club, que veio depois, 1928, com o mérito de ter deixado sua experiência registrada, o que por outro lado, não descredencia a existência do Paredão.

Como você pode observar a memória além de ser um direito de cidadania, é tema que suscita discussões acaloradas.


Segue algumas sugestões que buscam contribuir com o resgate da memória das atividades dos cineclubes e dos cineclubistas; outras propõem a criação de atividades, que visam divulgar, conservar e manter viva a história do Cineclubismo Brasileiro.  Por isso te envio estas modestas sugestões, que espero mereçam suas considerações, juntas com outras que possam surgir.

Aproveito também para reafirma minha disposição em colaborar, na medida das minhas possibilidades, com o que for possível.


a)      Publicar todos os textos que foram aprovados na 29ª Jornada Nacional de Cineclubes, resgatando o antigo nome: “Anais da Jornada”. Acompanhados de quatro ou cinco artigos, de duas laudas cada, de pessoas que estiveram presente no evento.
b)       
OBS 1: Se a memória não me é falhar e isso é assunto a ser melhor estudado, a publicação dos chamados ANAIS DA JORNADA surgiu depois da realização da 15ª Jornada, ocorrida em 1981 em Campo Grande, então MT. Isso ocorreu porque, antes da realização da Jornada, foi publicado pelo CNC em formato de “Jornal Tabloide chamado Cine-Debate”, um “Guia” sobre a Jornada, que também foi editado pela primeira vez. Portanto, é retomar uma tradição do Movimento Cineclubista Brasileiro.

OBS 2: Embora a questão da publicação não seja diretamente atribuição de sua Diretoria, é fundamental esta publicação, principalmente do ponto de vista da memória do movimento.

c)      Fazer levantamento de quantos forem os fatos relevantes e que justifiquem a criação do Dia Nacional do Cineclubismo Brasileiro. Divulgar e abrir o debate sobre a data a partir de um dos fatos. O fato que merecer mais atenção e oferecer melhor suporte deverá ser escolhido para representar a data. O projeto será encaminhado a Câmara Federal, por meio de um Deputado ou pelo Senado Federal. A Senadora Lídice da Mata já aceitou encaminhar o projeto, assim como o Deputado Federal Vicente de Paula Silva, o Vicentinho.

OBS: Para iniciar o debate, sugiro duas datas:
1)       A Invasão da Dinafilme pela Polícia Federal em 01.09.1979, levando mais de 60 cópias de filmes. Houve mais duas invasões na sede da Dinafilme, além de centenas de filmes apreendidos nos cineclubes.

2)       A outra é a passeata ocorrida em julho de 1985,  durante a realização da 19º Jornada Nacional de Cineclubes em Ouro Preto, promovida pelo CNC, contra o fechamento do Cine Vila Rica. O cinema só veio a fechar quando no governo do Fernando Collor de Melo, exterminou a Embrafilme. 

d)     Fazer levantamento historiográfico das publicações em livro e dos filmes e vídeos versando sobre o tema cineclube, catalogá-los e fazê-los circular pelos cineclubes do país e do mundo.

OBS: veja a proposta K, elas convergem e já pode ser realizada em um dos próximos eventos.


e)  Catalogar Cartazes, fotos, convites, camisetas, botons, logo tipos, pastas, cadernos de anotações, canetas, cartão postal, selos, ou seja, tudo o que já foi produzido sobre e que envolve a atividade dos cineclubes. Isso pode dar sustentação a varias exposições e juntando com os demais materiais, criarmos as bases de um Centro ou Acervo de Memória Cineclubista.


f)       g)      Reunir Teses, TCCS, Monografias, Artigos, reportagens, etc. sobre a atividade dos cineclubes brasileiros e colocar On-Line para consulta pública.

OBS: Tenho catalogado mais de duas dezenas desse tipo de material, além de livros e filmes.

h)      Solicitar o registro do Cineclubismo Brasileiro como patrimônio Material e Imaterial da cultura brasileira. Já iniciei este processo com o CECISP (Centro Cineclubista de São Paulo) e se for o caso pode juntar o CNC no mesmo pedido.



i)      Colocar em discussão o Logotipo do CNC, para verificar sua atual adesão como peça de identidade do Movimento. Se for o caso, reformular (visitá-lo e fazer nova leitura), adotar um novo ou si for o caso mantê-lo como está.

OBS: A primeira e ligeira leitura sobre o logo remete a uma película com o desenho estilizado do mapa do Estado de São Paulo. Nada contra, mas será que uma discussão dessa natureza não é salutar? Acho que estética é fundamental para quem trabalha com cultura e com uma arte moderna como as imagens em movimento.



j)        Criar concurso musical para adoção de um Hino e de uma Bandeira para o Movimento Cineclubista Brasileiro.

OBS: A ideia é reforçar a questão da identidade cineclubista e não criar panfleto ou coisa parecida.



k)         Criar um Prêmio do CNC com dois troféus, um para ser entregue a filmes, em festivais e mostras de cinema e audiovisual e o outro para personalidades homenageadas, cineclubes e entidades que se destacaram em prol do desenvolvimento do cineclubismo da cultura cinematográfica e do audiovisual brasileira.

OBS: Este troféu já existiu na gestão 1984/86 e chamou-se “Macunaíma”. Ouvi dizer que ouve, anteriormente a este, outro prêmio atribuído pelo CNC que se chamou “Aruanda”, mas meu registro infelizmente fica restrito a esta parca informação memorial.  A Federação de Cineclubes do Rio de Janeiro tinha o prêmio “São Saruê”, almejado por muitos cineastas. O prêmio era restrito ao Estado do Rio. O Clube de Cinema de Marília tinha o Troféu "Curumim", entregue uma vez por ano, ao melhor filme brasileiro exibido nos cinemas da cidade.



l)        Criar uma Mostra ou Festival temático de Cinema e Audiovisual do Cineclubismo Brasileiro, para acontecer antes ou paralelo à realização das Pré ou das Jornadas.

OBS: Acho que o primeiro filme sobre a atividade explicitamente de cineclube no Brasil se               chama “A Cor da Luz”, Curta-Metragem, de Mário Kuperman, 1987, Ficção, 35 mm, Cor, 11 min. Este filme foi feito também para cumpri a Lei do Curta e foi exibido nos cinemas comerciais. Além disso, temos um longa-metragem, documentário, alguns filmes de Média-Metragem, vários Curtas-Metragens, reportagens e programas de TV.


m)   Criar um Concurso nacional de Monografia sobre Cineclubismo e suas variantes – cineclube, cineclubismo, movimento cineclubista, cineclubista -, entre cineclubistas e depois, implantar nas escolas do Brasil, um concurso de Redação sobre o tema: O que é um cineclube.[1]





CINECLUBISMO: Patrimônio material e imaterial da cultura brasileira!

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