domingo, 15 de maio de 2011


Sobre o Cinqüentenário do Conselho Nacional de Cineclubes?

Entre várias questões, a da memória do Movimento Cineclubista Brasileiro, tem sido em mim, uma preocupação permanente. Não é demérito afirmar que há um movimento as vésperas de comemorar seu primeiro centenário, sua história ainda permaneça oral¹. Não que a oralidade, enquanto categoria mereça descrédito, pelo contrário. Digna ela é de todo valor histórico. A questão é quando da ausência do depoente, com ele vai também à fonte da informação. Daí a preocupação de vários estudiosos sobre o assunto, cito, para avivar a memória, Vladimir Ilitch Ulianov Lênin em carta a Máximo Gorki, argumenta ele: “... O que interessa é o que um artista cria e não o que pensa²”.

Uma discussão desta natureza requer o mínimo de distanciamento, serenidade, desprendimento e paixão. Neste debate nem autor e sua obra estarão isentos de uma opção ideológica – no sentido do envolvimento com o fazer das atividades cineclubistas, que para alguns, é parte intrínseca de sua vida -, mas do não das fáceis armadilhas, da comodidade e do pretenso “poder”, do achar-se vencedor de uma história que não deveria comporta, por princípio, tal categoria, no que pese a miopia que tem marcado certos posicionamentos.

Ressalva feita, embora outras ainda se façam necessárias, vamos direto ao assunto: As anunciadas comemorações do cinqüentenário do Conselho Nacional de Cineclubes ou as do Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros? Do qual estamos falando?

Antes, é bom lembrar, em história - é do que estamos tratando -, um fato comporta diversos pontos de vista. Quantos mais suportar, mais longevidade histórica ele alcançará. Então porque a duvida?

Permanece acéfala no 3º CARTÓRIO OFICIAL DE REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS E CIVIL DE PESSOA JURÍDICA, Praça Padre Manoel da Nóbrega, 20, São Paulo, a entidade Conselho Nacional de Cineclubes – CNC -. Esta situação irrefutável existe e é dele a data de fundação mencionada na mensagem abaixo3. Neste caso cabe a pergunta: Quando foi fundado o Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros – CNCB -?

Para uma entidade continuar existindo, há que se respeitar o princípio da continuidade prevista no Artigo 49 do Código Civil Brasileiro. Para todos os efeitos de direito e de fato, o Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros4 é outra entidade, com pessoa jurídica diferente daquela.

A discussão aqui está única e tão somente no campo do direito e do fato. Resolvida esta, outras virão, envolvendo as lacunas e os silêncios destas palavras preliminares, mas entendo que o debate aqui exposto, de minha parte, neste momento permanece no campo e nos termos citados.

Diogo Gomes dos Santos
Cineclubista, presidente do CNC, gestão 1984/86

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¹ - O que chamamos aqui de historiografia, diz respeito às publicações que abordam diretamente a atividade cineclubista, que não ultrapassa quatro ou cinco unidades, não é pouco, pois a metade foi publicada na última década. Embora para o sentido do termo, as publicações do século passado talvez não suportem o crédito. É discussão aberta.

² - Citado por EAGLETON, Terry, em "Marxismo e Crítica Literária", pág. 58 - DEDALUS -Acervo - FFLCH de Edições Afrontamento, Porto - Portugal.
3 – Referente a discussão nas listas de cineclubes (novocineclubismo@yahoogrupos.com.br, cncdialogo, cinetranse, estaçãoimagem, circuito_sp).
4 – Estatutos do CNCB, listas de discussão dos cineclubes citadas acima.

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