quarta-feira, 7 de dezembro de 2011


Do que se diz ser / 2

O ano é 1982, clandestino em Cuba para participar do IIº Festival Internacional de Cinema de Havana.  Por volta das 15:00, marcamos, nosotros e Cosme Alves Neto, para encontramos com Garcia Mesa¹, Diretor da Cinemateca.

Do Hotel Nacional até a sede do Festival, caminhando, como gostava de fazer o trajeto, levava entre 25 e 30 minutos. Sair antes, porque no meio do caminho tinha a “Copelia”, ah! A Copelia...! A melhor sorveteria que até então conhecia. Lá já estava Cosme, como sempre, de “Goiabeira”, estilo panamenha, com seu inseparável charuto Havana, acompanhado por Fernando Birri, Leon Hirszman; Paul Leduc; Jorge Sanches, Paula Gaetan, entre outros. Enquanto seus amigos deliciavam com as variadas ofertas geladas, Cosme, a certa distância, educado como era, baforava...

Naquela tarde assistimos em sessão paralela a programação do Festival; numa autentica sessão cineclubistas; composta por dois singulares filmes brasileiros que havia levado a tiracolo: “Zezero” do irreverente Ozualdo R. Candeias e “Amante Muito Louca” do meu velho, o genial Denoy de Oliveira.

Após a sessão e as conversas muito animadas, nosotros e Cosme fomos falar com Garcia Mesa, a quem entreguei uma cópia de 16 mm do filme: Vês! Ninguém assistiu ao formidável enterro de tua última quimera. Somente a Ingratidão - esta pantera - Foi tua companheira inseparável!, Di, de Glauber Rocha; que também havia levado a tiracolo e era o único filme do cineasta que falecera em agosto (1982), que a Cinemateca de Cuba não tinha e com ele, a retrospectiva em homenagem ao cineasta baiano, se completou.


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¹ - MESA, Hector Garcia, então Conservador da Cinemateca de Cuba.

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