100 de Movimento cineclubista mundial
e
10 da 2ª Rearticulação Brasileira
Este texto tem a preocupação de marca, registrar e celebrar a
passagem da data comemorativa durante o ano e divulgá-lo a um
público leigo, via jornais de bairros e redes sociais da internet.
público leigo, via jornais de bairros e redes sociais da internet.
Sua publicação teve início com o Jornal "Madalena", que atinge
nove bairros da capital paulista; jornal "Bom Dia" de Sorocaba
e filiais e segue sendo publicando em outros meios e jornais.
Passeata em Ouro Preto, 19º Jornada Nacional de Cineclubes, 1985
Este ano de 2013 o cineclubismo
comemora o seu primeiro centenário. Os cineclubes surgiram na França, seus
criadores mais conhecidos são o francês Louis Delluc e o italiano radicado na
França, Ricciotto Canuto. A data de 2013 foi escolhida, por considerar a
atividade “Cinema do Povo”, como um marco desta atividade.
Seguindo o modelo francês, os
cineclubes chegaram ao Brasil em 1917, no Rio de Janeiro, através da ação de um
grupo de jovens interessados em fazer e discutir cinema. Eles assistiam aos
filmes nos Cinemas e depois ia discuti-los num lugar chamado “Paredão”, daí o
nome “Cineclube Paredão”. O grupo encabeçado por Adhemar Gonzaga, Pedro Lima,
Álvaro Rocha Paulo Vanderley, Luis Aranha, Hercolino Cascardo. Gonzaga é
considerado o primeiro cineclubista brasileiro.
Tanto a informalidade, prima irmã da
efemeridade sempre foram marcas permanentes do cineclubismo brasileiro, daí
somente em 13 de junho de 1928 é que teremos o “Chaplin Club”, o primeiro cineclube
constituído formalmente, com Estatuto e Diretoria eleita.
No final dos anos de 1950 e início
dos 60, os cineclubes brasileiros, além de se reunirem em um encontro nacional
chamado de jornada nacional de cineclubes, 1959. Eles criaram uma entidade de
representação nacional chamada de Conselho Nacional de Cineclubes, 1962. Também
surgiram por inspiração dos cineclubes instituições importantes do cinema
brasileiro como as cinematecas do Rio e a de São Paulo, os Festivais de
Gramado, Brasília, a Jornada de Cinema da Bahia, O Festival de Cinema do Ceará,
o Guarnicê de Cinema e Vídeo do Maranhão, o Festival de Cinema de Cuiabá, entre
várias.
Saguão do Cineclube Bixiga, São Paulo, 1983
Nos atribulados anos sessenta, os
cineclubes iniciam uma mudança de postura, mais política em favor da valorização
do produto e da cultura brasileira. Durante a realização da 7ª Jornada
Nacional, 1968, se posicionam contra a o Regime Militar. O então presidente da
entidade, o cineasta Leon Hirszman e o eleito Geraldo Veloso, que não tomou
posse, saíram fugido de Brasília com a polícia em seu encalço. Com a edição do
Ato Institucional nº 5 – AI-5, as entidades e a imensa maioria dos mais de 600
cineclubes existentes no país, deixam de existir. Alguns cineclubistas aderiram
à luta armada.
Em 1974, durante a realização da 8ª
Jornada Nacional de Cineclubes em Curitiba, os cineclubes se reorganizam, se
posicionam contra a Censura, contra o Regime e defendem um cinema “nacional e
popular”. Neste período cria-se uma Distribuidora de filmes – Dinafilme -, como
alternativa de difusão para o filme de produção independente. A distribuidora é
invadida, uma, duas, três vezes pela Polícia Federal, mais de 200 filmes são
apreendidos, cineclubistas são fichados e investigados.
O cineclube Bixiga criado por
recomendação da 14ª Jornada Nacional, 1981, serviu de modelo de exibição, cujo
resultado é as redes de exibição: Espaço Itaú de Cinema; Estação Botafogo entre
outras existentes no país.
14ª Jornada Nacional de Cineclubes, Campo Grande, 1981.
Por várias vezes os cineclubes
organizaram passeatas contra o fechamento dos cinemas de rua e contra a
transformação de cinemas comerciais em “Salas Especiais”, que permitiram a
entrada, exibição e a produção do filme pornográfico no país.
No início dos anos de 1990, o país
elege seu primeiro presidente pelo sufrágio universal, o vídeo cassete se
consolida, a queda do Muro de Berlin, o avanço do neoliberalismo, o engodo da
proclamação do fim da história, o retrocesso dos movimentos sociais e do
sindicalismo, o governo eleito decreta o fim da Embrafilme, empresa que
produzia e distribuía os filmes brasileiros, a liderança cineclubista de então,
não consegue evitar o enceramento das atividades.
Guerreiro da luz, estrelaguia do cineclubismo brasileiro - Luiz Orlando da Silva
Com a eleição do presidente operário
Luís Inácio Lula da Silva e cumprindo determinação do seu programa de governo,
tem início no Ministério da Cultura, um processo de reorganizar o Movimento
Cineclubista. Ao mesmo tempo e sem conhecimento da iniciativa do governo
federal, um grupo de cineclubistas paulistas dava inicio, junto à prefeitura de
São Paulo, governo Marta Suplicy, ao projeto “Cine Móvel” de exibição de filmes
na capital e grande São Paulo, visando, ao final rearticular os cineclubes. O
encontro das duas iniciativas culmina com a realização da 24ª Jornada Nacional
de Cineclubes, 2003, dentro da 36ª edição do Festival de Brasília do Cinema
Brasileiro, que recolocou os cineclubes na cena cultural brasileira.
"El Cucaracho, baiano", cineclubista, cineasta, começou no cineclube Santa Fé, Argentina, radicado no Brasil, Lyonel Lucine.
Nestes 10 anos de rearticulação dos
cineclubes, foram criados pelos governos (Federal, Estadual e Municipal),
mecanismos de acesso a editais e verbas públicas, possibilitando o surgimento
de novos cineclubes em todo o país. A presidenta Dilma, cuja formação
cinematográfica se deu nos cineclubes, quer criar em seu governo, mais mil
cineclubes, junto aos Pontos de Cultura.
"O africano, nascido na Ilha da Madeira", portugês, brasileiro, advogado, estrategista, cineclubista, o nosso portuga António Gouveia Junior
Os cineclubes acumularam experiência
no campo da formação, distribuição e da difusão cinematográficas, com habilidades
que lhes possibilitam formarem um circuito exibição do “filme cultural”, efetivando
a criação, a formação e o divertimento de novas platéias em detrimento daquele
sistema de consumo ligeiro do filme. O projeto já existe, merecendo apenas,
destiná-lo parte dele, a este propósito.
Diogo Gomes dos Santos
cineclubista, cineasta
Nenhum comentário:
Postar um comentário