segunda-feira, 14 de março de 2016

CINEMA PARADISO - DE AMIGO PARA AMIGO


CINEMA PARADISO - DE AMIGO PARA AMIGO




O encanto deste filme está ancorado em alguns elementos da linguagem cinematográfica e que seria salutar lembrá-las aqui, em função do que você se propõe em seu artigo, suponho.

Salvatore de Vita, o cineasta personagem, aprendeu a gostar e depois elaborar suas imagens, com uma filmadora rudimentar, enquanto projecionista vendo pedaços de filmes e depois projetando a assistindo aos filmes no cinema da sua cidade. Seu conhecimento se torna tão eficaz, porque ele ver, faz e rever. Com isso ele aprende a apreender. No futuro isso o tornou renomado em sua profissão, graças ao seu aprendizado na arte seletiva do olhar, o filme, iniciada pelo mestre projecionista Alfredo.

Toda a geração de cineastas brasileiros que criaram o movimento denominado de Cinema Novo, com exceção de Eduardo Coutinho e Joaquim Pedro de Andrade que tinha um pouco de conhecimento de cinema, todos os demais aprenderam e viraram cineastas depois de verem e discutir muitos filmes. Aprendizado que obtiveram nos cineclubes dos quais participaram e dos filmes que assistiam nos demais cineclubes e cinemas da cidade. Todos eles passaram pelo movimento de cineclubes, os cineastas do cinema novo “... fizeram uma ligação entre o ato de ver e o ato de fazer cinema.”, (Pedro Simonard, pág. 44 - A Geração do Cinema Novo, para uma antropologia do cinema, editora Mauad X, 2006, RJ)


“Voltando os olhares para o Cineclube, este é inseparável do Cinema, na medida em que nasce do mesmo se tornando atualmente um movimento independente, influenciando e sendo influenciado diretamente pelo cinema, que é o objeto principal de estudo dos militantes cineclubistas. Dessa forma o Cineclube da UFT em Tocantinópolis, utiliza desta arte como ferramenta pedagógica”. Pág. 57 – TCC do Cinecclube da UFT.





Neste sentido, olhando para os resultados do Cineclube da UFT e o filme Cinema Paradiso, não é só o personagem Totó que seduzido no fascinante universo das imagens em movimento, que são verdadeiros tesouros que povoam as telas daquele cinema, mas também as telas dos cineclubes de hoje, onde o público se identifica, se encantam, se seduzem e se embriagam não só com o menino fascinado com aquelas imagens, mas também o público, que também tem ou está formando sua própria memória cinematográfica. No filme, eles  são conduzidos pelo ritmo das imagens, que são acentuadas pelo tom melancólico da trilha sonora do filme (Ennio Morricone), fio condutor de toda memória afetiva do filme.


A outra questão que encanta no filme é a interpretação da dupla de atores, o carismático (Philippe Noiret) como o mestre Alfredo, ao lado de seu aprendiz, o pequeno Totó, que conquistam o público com seu irresistível magnetismo que existe, no contra ponto do velho e da criança, realçada na interpretação atraente de (Salvatore Cascio) Totó criança.

A medida que o NEAF/UFT e o Cineclube, desenvolvem este diálogo dentro do espaço acadêmico, revelam a sua importância para a quebra dos preconceitos que ao longo do tempo se tornaram estruturantes da sociedade brasileira. Para, além disso, propicia ao público uma formação por meio do debate, que vai de encontro ao que é proposto pela Lei 10.639/2003: Pág. 59 – TCC do Cinecclube da UFT.





Na primeira fase do Movimento Cineclubista, 1959 a 1968 aconteceram sete Jornadas Nacionais de Cineclubes, no intervalo entre a 5ª jornada realizada em Fortaleza, CE, em 1965 e os preparativos para a realização da 6ª Jornada que aconteceu em Salvador, BA, 1967, acorreu o 1º Estágio para Dirigentes Cineclubistas. A Pré-Jornada só veio acontecer depois da 8ª Jornada ocorrida em Curitiba, fevereiro de 1974.


Naquele Estágio, Walter da Silveira, em conferência para os dirigentes cineclubistas, fez algumas considerações, tidas como revolucionárias para aquele encontro, disse ele que os cineclubes: “Deve-se abandonar a projeção em recinto fechado e ir projetar filmes em bairros, na rua. Deve-se também entregar os cineclubes às universidades, não aos grêmios, convencendo os institutos de ensino que o cineclubismo deve ser um departamento das suas atividades(grifo meu).



Digo isso porque lendo o TCC do Klisma, sob sua orientação, acho que as teses do Walter da Silveira, finalmente encontraram eco nas atividades do cineclube da UFT, com as quais, depois de só agora tomar conhecimento, concordo ambas.


Existem outras experiências no campo cineclubista que não são excludentes e que este “profissionalismo” do qual falava o Walter da Silveira, que comportar também, outras experiências cineclubistas, inclusive nas Universidades. A que verificar as atividades do Cineusp e o Cineclube Janela Indiscreta da UESB, além um circuito de exibição cultural, tendo a experiência cineclubista, onde estes possam interferir na vida econômica do cinema brasileiro.



Tenho algo em torno de 30 TCCs e Teses sobre cineclubes e mais uns 6 a 8 livros. O TCC do Cineclube da UFT é o único, salvo exceções apontadas, que vai na direção do que disse Walter da Silveira e do que está citado na pág. 59 do TCC do cineclube da UFT.


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* Texto solicitado pelo Professor Dr. João Batista de Jesus Felix, titular na cadeira de Ciências Sociais da Universidade Federal de Tocantinópolis - TO.


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