Carta Aberta a Diretoria do Conselho Nacional de Cineclubes Brasileiros
– CNC B.
Caros Companheiros,
Considerando a situação
inominável em que se encontram as instituições públicas do país, mergulhadas em
crises de toda ordem, principalmente que a frente delas, encontram-se homens
vis, que outra crença não professam, se não a locupletação ilícita. Isso não
justifica a inatividade letárgica de grande parte da sociedade civil brasileira. Não nos
esqueçamos, o protagonista de um filme é aquele personagem que desce ao fundo do
poço. Desnudado ele se transforma. É o que ainda espero do Cineclubismo e da
sociedade civil.
Devo dizer que depositei enorme
esperança no processo que culminou com a eleição da Diretoria dessa entidade CNC B 2015 em Itaparica, e cuja enorme tarefa lhes fora confiada, não
para “salvar” a bancarrota a quem foi submetida a entidade e o Movimento
Cineclubista Brasileiro nestes últimos 11 anos (2004 a 2015).
Penso que é uma das tarefas dessa
Diretoria é ser ferramenta despertadora da anima cineclubista que se encontrava e
parece que ainda se encontra, encrostada em teorias vãs que culminaram com diversas iniciativas “louváveis”,
mas que sem confluências com as atividades cotidianas dos cineclubes, resultaram,
na prática, em tremendos fracassos.
É dolorido dizer, mas se o faço é no intuito de chamar atenção para fatos que cabe a direção do Movimento encaminhar, uma vez que o voto dos cineclubes os legitimaram para esta condição. Mas como não lamentar, que se quer a Ata
de Eleição dessa Diretoria Executiva ainda não tenha sido registrada em cartório, que a Pré-Jornada
não tenha ocorrido, que um acontecimento se quer tenha sido gerado, exceção as
iniciativas estaduais, notadamente Pernambuco, Rio de Janeiro, Pará, Mato Grosso do
Sul e Goiás. Se outros fatos em termos de representação ocorreram, não ficamos
sabendo.
A direção decidiu coerentemente
não estabelecer relações com o governo golpista, mas também é desconhecida, se
é que existe, alguma atividade que vise criar mecanismos de auto sustentabilidade política, financeira e cultural da entidade. Toda ação deve gerar uma
contra-reação.
Durante o processo do impeachamant, se não todos, quase todos
os cineclubistas individualmente se manifestaram e participaram ativamente das
manifestações e de ações cineclubistas a favor da manutenção do Estado de
direito do país, mas não houve uma atividade se quer da entidade nacional,
exceto apoio e emissão de uma Nota Oficial a favor da manutenção da presidenta
eleita no cargo.
Isso companheiros cineclubistas, repito, não é, nenhuma"futucagem inglória", é contribuição e se assim reconhecerem,
sugiro algumas ações[1]
a serem coordenadas pela entidade nacional, possibilitando entre outras consequências a criação inclusive emprego e renda e
recolocando o Cineclubismo no foco da ação que o tempo exige que ele esteja e
faça a história acontecer, já que ela está em suas mãos.
Sugestões:
Apoio
a iniciativa de companheiros cineclubistas (que já estão discutindo esta
iniciativa), com a população que foram atingidas pela catástrofe de Mariana.
Fazendo um levantamento das medidas que estão sendo tomadas, com relação do
meio ambiente, a saúde, a autoestima, enfim, da situação sócio cultural da das
famílias ribeirinhas do Rio Doce, etc. etc. etc.;
b) Pesquisa
sobre os efeitos que causam os filmes norte-americanos (hollywoodianos), e sua
influência na formação moral dos seus espectadores, no que diz respeito ao
conteúdo de suas mensagens e que ajudam inculcar nas mentes despreparadas
mensagens como: Violência (número de mortes por filme), incentivo a corrupção
(filme com cenas de apologia à corrupção). Para começar estes dois itens já são
suficientes (outros podem ser inseridos);
c) Criação
de um segmento de cineclubes ligados as OCUPAÇÕES URBANAS, ASSENTAMENTOS DOS
SEM TERRA, e ação no sentido de assegurar os DIREITOS DOS IMIGRANTES;
d) Estabelecer
no país, uma ação de teia (no sentido de rede, de trama), para refletir sobre a
condição de povo, de nação a que está submetida a República, tendo como
ferramenta a organização cineclubista, por meio de filmes previamente
programados[2] à
cerca da situação política atual do país, acompanhada de curso de formação
cineclubista.
Saudações Cineclubistas,
Da direita para esquerda os cineastas: Flávio Leandro,
Ari Fernandes, Lázaro Farias, Joseane Alfer e eu.
De perfil, Arnaldo Jardim (Jornalista e Presidente da Fundação
Cultural do DF), eu e Wilson Grey. Abertura da 20ª Jornada de Brasília,
1986, no teatro nacional, homenagem ao ator Wilson Grey.
[1] -
As sugestões devem ser encaminhadas em parcerias com outras instituições e
devem ser transformadas em projeto a ser financiado tanto pela iniciativa
pública e privada, nacional e/ou internacional.
[2] -
Vamos reavivar mesmo que virtualmente, a ideia da Comissão de Programação. É na
Comissão de Programação que se forma a identidade de um cineclube e
consequentemente do Cineclubismo. É aqui que os filmes são discutidos em seus
aspectos mais amplos e profundos, é aqui onde o cineclubista é picado pelo “bichinho
do cinema”.
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