sexta-feira, 8 de setembro de 2017

FUERA DE AQUI!

Fuera de aqui*
Este texto foi escrito como comentário em resposta a um Artigo de um amigo (João Carlos Faria), para o site Entrementes, que pode ser acessado em: http://entrementes.com.br/2017/09/hollywood-se-faz-real/, em 07/09/17.


Meu querido amigo Joka (João Carlos Faria), permita-me dizer com respeito e carinho: Hollywood, fora daqui! Qualquer cultura que exclui o outro, pouco ou nada tem a contribuir com a evolução da civilização humana. Na sua usura, violência e prepotência hollywood prima como exemplo.
Em fevereiro de 1911, aportou no Brasil, uma comitiva que ficou conhecida como “embaixada americana”, que aqui veio, para estudar o potencial mercadológico do nosso cinema. Nos anos que seguiram, nosso cinema ficou marcado pela expressão “cinema de cavação”, tal o estado de mendicância a que ficou submetido o cineasta brasileiro. Por volta de 1920, não só o Brasil, os cinemas nacionais começaram a sobreviver com a incomoda invasão do produto de consumo ligeiro, proveniente de hollywood. Hoje os cinemas nacionais (salvo raríssimas exceções, ainda, Índia e Nigéria), todas as demais são cinematografias exiladas em seu próprio território.
Alexandre, o grande, o macedônia, aluno de Aristóteles, queria levar a cultura “helênica”, para os seus domínios. Compare com hollywood. É significativo que a indústria do entretenimento está sempre entre as três primeiras do BIP dos EUA, ao lado da bélica e química. Alguma dúvida quanto ao consumo ligeiro!
Com urgência, sem nenhum entusiasmo, premido pelo atrito maquinar do rolimã, ando a confundir a sonoridade do vernáculo pátrio, com o balbuciar do mandarim. Enquanto vago de tela em tela assistindo filmes brasileiros em horários ofensivos e em raríssimas telas do ainda seu território.
Já que falastes de Plínio Marcos, ele dizia “no Brasil, artista americano morto, trabalha mais do que ator brasileiro vivo”. Pegue a imensa maioria dos filmes americanos, inclusive de gente respeitada como você, com propriedade os cita, e me explica qual a importância de se colocar pequenas cenas de corrupção. Preste atenção, toda vez que um americano, nos filmes americanos querem conseguir uma informação, eles colocam uma ceninha de corrupção, que nada acrescenta ao conteúdo no filme. No filme “O Homem da Máfia”, o personagem do Johnny Depp, diz: “Os Estados Unidos, não é uma nação, é um negócio”. (Usei o termo, NÃO, só porque é citação!).
Sempre fui e serei um entusiasta incentivador do seu desejo de fazer cinema. Como és homem das letras, sugiro uma espiada na escola egípcia e cubana de roteiro, mas antes, uma imersão pela luminosidade do Vale do Paraíba, onde por acaso, ainda existe alguns resquícios do velho Mazzaropi, é sempre salutar. E para sublinhar, aqui vai uma referência a Ridley Scott, no filme Cruzada, onde se lê uma frase esculpida na madeira da casa do antão ferreiro “Que homem é um homem que não muda o mundo ao seu redor”.
Aguardo com renovada esperança, ver surgir nesta megalópole chamada São José dos Campos, um indício de produção, fincado nos valores culturais deste chão, exercitando as ideias de que o cinema é a escrita da luz, e filmar com a palavra e escrever com a câmera, é um bom caminho para se produzir, arte, cinema!

Diogo Gomes dos Santos
Cineclubista

·         Fuera de Aqui! 1977, filme Boliviano de Jorge Sanjinés


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