Fuera de aqui*
Este texto foi escrito como comentário em resposta a um Artigo
de um amigo (João Carlos Faria), para o site Entrementes, que pode ser acessado
em: http://entrementes.com.br/2017/09/hollywood-se-faz-real/,
em 07/09/17.
Meu querido amigo Joka (João Carlos Faria), permita-me dizer com respeito e
carinho: Hollywood, fora daqui! Qualquer cultura que exclui o outro, pouco ou
nada tem a contribuir com a evolução da civilização humana. Na sua usura,
violência e prepotência hollywood prima como exemplo.
Em fevereiro de 1911, aportou no
Brasil, uma comitiva que ficou conhecida como “embaixada americana”, que aqui
veio, para estudar o potencial mercadológico do nosso cinema. Nos anos que
seguiram, nosso cinema ficou marcado pela expressão “cinema de cavação”, tal o
estado de mendicância a que ficou submetido o cineasta brasileiro. Por volta de
1920, não só o Brasil, os cinemas nacionais começaram a sobreviver com a
incomoda invasão do produto de consumo ligeiro, proveniente de hollywood. Hoje
os cinemas nacionais (salvo raríssimas exceções, ainda, Índia e Nigéria), todas
as demais são cinematografias exiladas em seu próprio território.
Alexandre, o grande, o macedônia,
aluno de Aristóteles, queria levar a cultura “helênica”, para os seus domínios.
Compare com hollywood. É significativo que a indústria do entretenimento está
sempre entre as três primeiras do BIP dos EUA, ao lado da bélica e química.
Alguma dúvida quanto ao consumo ligeiro!
Com urgência, sem nenhum entusiasmo, premido
pelo atrito maquinar do rolimã, ando a confundir a sonoridade do vernáculo
pátrio, com o balbuciar do mandarim. Enquanto vago de tela em tela assistindo filmes brasileiros em horários ofensivos e em raríssimas telas do ainda seu território.
Já que falastes de Plínio Marcos, ele
dizia “no Brasil, artista americano morto, trabalha mais do que ator brasileiro
vivo”. Pegue a imensa maioria dos filmes americanos, inclusive de gente
respeitada como você, com propriedade os cita, e me explica qual a importância
de se colocar pequenas cenas de corrupção. Preste atenção, toda vez que um
americano, nos filmes americanos querem conseguir uma informação, eles colocam
uma ceninha de corrupção, que nada acrescenta ao conteúdo no filme. No filme “O
Homem da Máfia”, o personagem do Johnny Depp, diz: “Os Estados Unidos, não é
uma nação, é um negócio”. (Usei o termo, NÃO, só porque é citação!).
Sempre fui e serei um entusiasta
incentivador do seu desejo de fazer cinema. Como és homem das letras, sugiro
uma espiada na escola egípcia e cubana de roteiro, mas antes, uma imersão pela
luminosidade do Vale do Paraíba, onde por acaso, ainda existe alguns resquícios
do velho Mazzaropi, é sempre salutar. E para sublinhar, aqui vai uma referência
a Ridley Scott, no filme Cruzada, onde se lê uma frase esculpida na madeira da
casa do antão ferreiro “Que homem é um homem que não muda o mundo ao seu redor”.
Aguardo com renovada esperança, ver
surgir nesta megalópole chamada São José dos Campos, um indício de produção,
fincado nos valores culturais deste chão, exercitando as ideias de que o cinema
é a escrita da luz, e filmar com a palavra e escrever com a câmera, é um bom
caminho para se produzir, arte, cinema!
Diogo Gomes
dos Santos
Cineclubista
·
Fuera de Aqui! 1977,
filme Boliviano de Jorge Sanjinés
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