terça-feira, 1 de janeiro de 2019


Relatório do júri, Prêmio DOM QUIXOTE

Este relatório foi elaborado como parte das obrigações dos jurados.    Salvo uma ou outra questão de âmbito opinativo. O conteúdo é praticamente o mesmo enviado para a FICC.


Dom Quixote, é o prêmio outorgado pela Federação Internacional de Cineclubes - FICC – em diversos festivais de cinema espalhados pelo mundo. O objeto físico que o representa, é um diploma confeccionado com o seu papel timbrado. Sua importância está na simplicidade do gesto, carregado de valores culturais, que funciona como um SELO de qualidade, agregando valor inestimável ao filme agraciado, elevando-o a categoria de obra de arte perene.

 Diploma "Prêmio Dom Quixote"

Na quadragésima edição do Festival Internacional Do Novo Cinema Latino-americano de Habana, realizado entre os dias 06 a 16 de dezembro de 2018. O júri da FICC outorgou uma “Menção Honrosa” ao filme Uruguaio “La Noche Del 12 Años”, de Álvaro Brechner, e o Dom Quixote foi para “JOEL”, filme argentino de Carlos Sorin.
Olimpya Ortíz, artista plástica, autora da pintura, 
criação exclusiva para o filme "Joel"


O júri foi composto por Diogo Gomes dos Santos (Brasil), Marcela Aguilar (Colômbia), e Lázaro Alderete (Cuba).

Como a data prometia, a 40ª edição do Festival Internacional do Novo Cinema Latino-americano de Havana, Cuba, superou as expectativas dos seus apaixonados admiradores, que recorreram em massa para acompanhar a intensa programação de eventos recheados de exibições cinematográficas (20 longas-Metragens de ficção; 22 curtas e Médias-Metragens; 18 Óperas Primas; 25 documentários; 26 desenhos animados, concorriam aos prêmios do festival. Além disso, 19 Roteiros Inéditos e 24 Cartazes, palestras, encontros, debates, exposições, retrospectivas e homenagens, foram programados, para um público enlouquecido, querendo ver e participar de tudo. Um evento grandioso, digno do seu público e do cinema latino americano. 
Recepção, inscrição do festival, Hotel Nacional, Havana

Conforme o presidente do festival, Iván Giroud, foram inscritos 1.900 filmes, selecionados 377. Coube ao filme “El Pepe, Uma Vida Suprema”, 2018, documentário de Emir Kusturica, abrir o festival, no teatro Kal Marx, para uma plateia de 5.000 pessoas.

Todas as salas de cinema que receberam a programação do festival, são cinemas de rua, com capacidade acima de 1.500 espectadores. Apenas um cinema, tem um conjunto de três salas, o cine Infanta. As sessões começavam às 10:00 da manhã e prosseguiam até o último horário do dia. Invariavelmente e em todas as sessões, as salas estavam sempre lotadas, gente disputando ingresso (gratuito) para ver os filmes.

Fica evidente a necessidade das salas serem reformadas, no que diz respeito a depreciação da parte física, já que todas as salas estão equipadas com sistema digital, de última geração, exibição no sistema DPC. São salas de cinema, conservadas para apreciação da obra cinematográfica e não para consumo instantâneo.

Assim como é indiscutível a importância do Festival do Novo Cinema Latino-americano, não só para o desenvolvimento da indústria cinematográfica da região, mas também para o cenário internacional, como ficou mais uma vez constatado, não só pelas homenagens que o Festival recebeu e proporcionou em sua edição de número 40, mas pelas participações de personalidades do mundo do cinema, filmografias exibidas e presenças espontâneas, como a do ator norte americano Harvey Keitel, da artista plástica francesa Jaqueline Alencar, etc., creio ser este evento cinematográfico, essencial para a entrega do prêmio Dom Quixote. Ele projeta luz para o fortalecimento do cineclubismo no continente.
Equipe da TV Cubana, se preparando para transmitir a 
cerimônia de premiação do festival

Planejamento, organização e simpatia, fazem deste festival um evento especial. Destaca-se os espectadores, críticos, avido por cinema. Coroa seu êxito a atenção com os convidados e devido à natureza da atividade que desempenha os jurados em qualquer festival, são para eles disponibilizadas as condições para realizarem seus trabalhos conforme o planejamento.

Para mim foi um aprendizado fazer parte deste corpo de jurados representando a FICC na 40ª edição do Festival Internacional Del Nuevo cine Latino-americano de La Habana, ao lado de Marcela Aguillar (Colômbia), uma sensível, astuta e severa apreciadora do filme na tela e Làzaro Alderete (Cuba), meticuloso, sensível, de senso crítico aguçado, foi muito especial.  Aprendi muito com ambos, solidários companheiros cineclubistas.

Os 20 filmes em competição para o prêmio Dom Quixote, foram todos programados no Cine Chaplin, local que abriga também a sede da Cinemateca de Cuba e o Instituto Cubano de Artes e Industria Cinematográficas – ICAIC. Todos os dias às 10hs começávamos a assistir os filmes e terminávamos na última. Assistimos os filmes juntamente com o público, foi uma oportunidade de vivenciar deste com o filme na tela: Uma experiência inesquecível!
Saguão do Cine Chaplin, entre uma sessão e outra. 
Fãs com Alejandro Gil, diretor do filme cubano, "Inocencia"

Depois de vistos os filmes concorrentes, cada jurado fez uma apreciação geral sobre os filmes vistos. Cada apresentou uma lista de três filmes, na ordem de sua preferência, cabendo ao filme “JOEL” de Carlos Sorin o destaque dos jurados para receber o prêmio Dom Quixote, por ser um filme em seu conjunto, conciso, tanto no que diz respeito ao roteiro, direção, fotografia, ritmo, elenco e a sensibilidade no trato de uma tema delicado, atual no mundo contemporâneo; a questão da adoção. Depois de algumas considerações sobre os filmes em competência, o júri decidiu outorgar uma “Menção Honrosa”, ao filme “La Noche Del 12 años”, por sua relevância e também pelo vigor do cinema Uruguaio representado no festival.

A cerimônia de entrega do prêmio Dom Quixote, aconteceu em conjunto com os 18 prêmios “Colaterais” que o Festival em sua organização, outorga, conforme os critérios de cada organização. Foi uma cerimônia muito concorrida, conduzida pela chefe de imprensa do festival, possibilitando apenas aos premiados, o uso de breves palavras. A justificativa de cada júri para seu referido prêmio, a seu critério, foi lida pela cerimonialista, o que a levou a omitir uma ou outra leitura, inclusive da do Dom Quixote.

O prêmio “Dom Quixote” e a “Menção Honrosa”, além do Diploma em papel timbrado da FICC, assinado pelos jurados, foram adicionadas duas pinturas da artista plástica Olympia Ortíz, uma para cada filme, sob os auspícios da Federação Cubana de Cineclubes. 
Jurados da FICC para o prêmio Dom Quixote, Havana 2018. Da direita para esquerda Làzaro Alderete (Cuba), Marcela Aguillar (Colômbia) e Diogo gomes dos Santos (Brasil).
  1. Corpo de jurados da FICC para o prêmio Dom Quixote, 
  2. Havana 2018. Da direita para esquerda: Làzaro Alderete (Cuba), 
  3. Marcela Aguillar (Colômbia) e Diogo Gomes dos Santos (Brasil).

Prêmio Dom Quixote
Título original: JOEL
Ficción, Digital, DCP, Cor, 99 min. Argentina, 2018
Direção e Roteiro: Carlos Sorin

Sinopsis:
Ante a la imposibilidad de concebir hijos, Cecilia y Diego entraron con un proceso de adopción. La repentina llegada de Joel (9 años) revoluciona sus vidas. Las ilusiones, el acelerado aprendizaje la paternidad y el desafio de educarlo e insértalo en la sociedad, pondrán bajo la lupa sus propios esquemas de vida. Será suficiente el amor para mantener unida a esta familia?


Menção Honrosa
Título original: LA NOCHE DEL 12 AÑOS 
Ficción, Digital, DCP, Cor, 112 min. Uruguay, 2018
Direção: Álvaro Brechner
 
 Sinopsis:
Septiembre de 1973. Uruguay está bajo una dictadura militar. El movimiento guerrillero Tupamaros 
ha sido aplastado y desarticulado hace ya un año. Una noche de otoño, tres presos Tupamaros son 
sacados de sus celdas en una operación secreta que durará doce años. Desde este momento iniciarán 
un recorrido por distintos cuarteles del país, sometidos a un macabro experimento.  
Criação exclusiva da artista plástica cubana, 
Olimpya Ortíz, para a "Mensão Honrasa" 
concedida ao filme "La Noche Del 12 Años", de Álvaro Brechner

Sugestão
Que a FICC coordene uma campanha mundial de captação de recursos financeiros, para reforma de uma sala de cinema de Havana, a ser adotada pelos cineclubes do mundo inteiro. Cada entidade nacional, desenvolva uma campanha para arrecadar fundos. Este dinheiro seria convertido em EURO ou DOLAR, depositado em uma Conta Especial, gerenciada pela FICC. Com o dinheiro suficiente, abre-se um edital internacional. Elege-se uma empresa especializada, para executar a reforma de uma sala de cinema de Havana, onde terá uma placa dizendo que aquela sala foi adotada pelos cineclubes do mundo inteiros, filiados a FICC.
Sugestão: A sala do Cine Chaplin, situada no prêmio onde estão a Cinemateca e do ICAIC.

OBS: Registrei alguns momentos do festival, que estou editando. Assim que terminar, disponibilizo nas redes sociais para todos;

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