INVASÃO, TRUCULÊNCIA, A
FORÇA BRUTA CONTRA A CULTURA.
A Guarda
Municipal da Prefeitura Municipal de São José dos Campos, SP, invadiu na manhã
de ontem (18/05/2020), o Galpão da Cidadania, espaço gerido por um coletivo
cultural, sob a responsabilidade jurídica da Cia Velhus Novatus; Centro Dandara
de Promotoras Legais Populares; e Associação dos Inscritos no programa
Habitacional de SJC ASSIPH/SJC.
O Galpão da
Cidadania, é uma propriedade ociosa Rede
Ferroviária Federal S.A. que foi extinta em 2005 e passou a pertencer a
Secretaria de Patrimônio da União – SPU -, o local vinha sendo utilizado desde
2016, para fins estritamente de cultura, sem finalidade lucrativa,
desenvolvendo atividades permanentes, como: CINECLUBE, SARAUS LITERÁRIOS,
SEMINÁRIOS, EVENTOS MUSICAIS, REUNIÕES, ENSAIOS FOTOGRÁFICOS e AUDIOVISUAIS,
APRESENTAÇÕES TEATRAIS, Participou da PROGRAMAÇÃO DA VIRADA CULTURAL DE 2019
além de cessão a diversos grupos para ensaios, entre eles: Centro Dandara,
ASSIPH/SJC, Grupo Tropa do Vale, Boneco Vivo, Grupo Teatro do Imprevisto, Cia
território e os coletivos do Teatro da Rua Elisa, Associação de Favelas que
discute Regularização Fundiária, todas
ações realizadas de forma gratuita. As despesas de manutenção, como água,
eletricidades, conservação e limpeza, são pagas regularmente pelo coletivo.
Para oferecer
as atividades que desenvolvem em condições mínimas, realizamos a reforma no
Telhado, nas instalações elétricas, pintura, rede esgoto, substituição dos
vidros quebrados, além de mantermos a conservação, manutenção, limpeza de todo
o espaço.
Desde 2016 mantém
diálogo civilizado, institucional com a SPU, conforme Protocolo nº
04977.011859/2016-33, no sentido de estabelecermos parceria por meio dos
procedimentos legais, visando a permanência definitiva das atividades
culturais, Educação Popular desenvolvidas em benefício da comunidade,
consagrando o Galpão da Estação, como Centro Cultural e de Direitos Humanos.
A invasão,
ignorou os princípios mínimos de civilidade. Invadiram sem mandado e sem
mandante. No entanto, ao responde a reação da comunidade contra a invasão, o
prefeito, assina a ordem de invasão em mensagens virtuais, e a empresa
executora, não se identifica, alega “desocupação”. Não estamos ilegais! No
entanto a ordem da barbárie, é executada, deixando no ar a participação da SPU,
órgão da União Federal, responsável pela propriedade.
Na primeira
tentativa de “expulsão” da Cia Cultural, a empresa foi DESAUTORIZADA a entrar
no galpão. Não satisfeito o advogado da mesma tentou intimidar o grupo
artístico, avisando que iria recorrer à Prefeitura Municipal para apropriação
do galpão.
Assim, sem
qualquer diálogo a Prefeitura de São José dos Campos, por meio da guarda
municipal e representantes da empresa, com um trator, arrebentaram o cadeado do
portão, invadiram o espaço e jogaram cenários, figurinos, bonecões, material de
trabalho e equipamentos de som e de iluminação, projetor multimídia, jogaram em
caçambas e caminhões da prefeitura, levado tudo para um “galpão municipal”,
simples assim.
A
justificativa do prefeito Felício Ramuth, PSDB, é a mesma que confirma exceção
à regra: Exibe materiais de partido de oposição, levianamente atribuindo ao
Galpão, uso político do local, como similarmente já fez antes o empresário
Abílio Diniz, que apareceu vestindo uma camiseta do Partido dos Trabalhadores,
alegando ter sido sequestrados por este. A mentira foi desmascarada, mas pelo
visto, virou regra.
Vale lembrar que por meio da Fundação cultural Cassiano
Ricardo, a cidade recebeu o título de “Capital da Cultura”, por outro, o
prefeito, no início de sua gestão, acabou com a ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL,
uma das mais respeitadas no Estado.
Euclides da Cunha encerra seu livro “Os Sertões”, no início
do século XX, dizendo: “É que ainda não existe um Maudsley para as loucuras e
os crimes das nacionalidades...”.
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