quarta-feira, 20 de maio de 2020



INVASÃO, TRUCULÊNCIA, A FORÇA BRUTA CONTRA A CULTURA.



A Guarda Municipal da Prefeitura Municipal de São José dos Campos, SP, invadiu na manhã de ontem (18/05/2020), o Galpão da Cidadania, espaço gerido por um coletivo cultural, sob a responsabilidade jurídica da Cia Velhus Novatus; Centro Dandara de Promotoras Legais Populares; e Associação dos Inscritos no programa Habitacional de SJC ASSIPH/SJC.



O Galpão da Cidadania, é uma propriedade ociosa  Rede Ferroviária Federal S.A. que foi extinta em 2005 e passou a pertencer a Secretaria de Patrimônio da União – SPU -, o local vinha sendo utilizado desde 2016, para fins estritamente de cultura, sem finalidade lucrativa, desenvolvendo atividades permanentes, como: CINECLUBE, SARAUS LITERÁRIOS, SEMINÁRIOS, EVENTOS MUSICAIS, REUNIÕES, ENSAIOS FOTOGRÁFICOS e AUDIOVISUAIS, APRESENTAÇÕES TEATRAIS, Participou da PROGRAMAÇÃO DA VIRADA CULTURAL DE 2019 além de cessão a diversos grupos para ensaios, entre eles: Centro Dandara, ASSIPH/SJC, Grupo Tropa do Vale, Boneco Vivo, Grupo Teatro do Imprevisto, Cia território e os coletivos do Teatro da Rua Elisa, Associação de Favelas que discute Regularização Fundiária,  todas ações realizadas de forma gratuita. As despesas de manutenção, como água, eletricidades, conservação e limpeza, são pagas regularmente pelo coletivo.




Para oferecer as atividades que desenvolvem em condições mínimas, realizamos a reforma no Telhado, nas instalações elétricas, pintura, rede esgoto, substituição dos vidros quebrados, além de mantermos a conservação, manutenção, limpeza de todo o espaço.

Desde 2016 mantém diálogo civilizado, institucional com a SPU, conforme Protocolo nº 04977.011859/2016-33, no sentido de estabelecermos parceria por meio dos procedimentos legais, visando a permanência definitiva das atividades culturais, Educação Popular desenvolvidas em benefício da comunidade, consagrando o Galpão da Estação, como Centro Cultural e de Direitos Humanos.



A invasão, ignorou os princípios mínimos de civilidade. Invadiram sem mandado e sem mandante. No entanto, ao responde a reação da comunidade contra a invasão, o prefeito, assina a ordem de invasão em mensagens virtuais, e a empresa executora, não se identifica, alega “desocupação”. Não estamos ilegais! No entanto a ordem da barbárie, é executada, deixando no ar a participação da SPU, órgão da União Federal, responsável pela propriedade.

Na primeira tentativa de “expulsão” da Cia Cultural, a empresa foi DESAUTORIZADA a entrar no galpão. Não satisfeito o advogado da mesma tentou intimidar o grupo artístico, avisando que iria recorrer à Prefeitura Municipal para apropriação do galpão.



Assim, sem qualquer diálogo a Prefeitura de São José dos Campos, por meio da guarda municipal e representantes da empresa, com um trator, arrebentaram o cadeado do portão, invadiram o espaço e jogaram cenários, figurinos, bonecões, material de trabalho e equipamentos de som e de iluminação, projetor multimídia, jogaram em caçambas e caminhões da prefeitura, levado tudo para um “galpão municipal”, simples assim.

A justificativa do prefeito Felício Ramuth, PSDB, é a mesma que confirma exceção à regra: Exibe materiais de partido de oposição, levianamente atribuindo ao Galpão, uso político do local, como similarmente já fez antes o empresário Abílio Diniz, que apareceu vestindo uma camiseta do Partido dos Trabalhadores, alegando ter sido sequestrados por este. A mentira foi desmascarada, mas pelo visto, virou regra.



Vale lembrar que por meio da Fundação cultural Cassiano Ricardo, a cidade recebeu o título de “Capital da Cultura”, por outro, o prefeito, no início de sua gestão, acabou com a ORQUESTRA SINFÔNICA MUNICIPAL, uma das mais respeitadas no Estado.

Euclides da Cunha encerra seu livro “Os Sertões”, no início do século XX, dizendo: “É que ainda não existe um Maudsley para as loucuras e os crimes das nacionalidades...”.




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